quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

A uma rapariga

Abre os olhos e encara a vida! A sina
Tem que cumprir-se! Alarga os horizontes!
Por sobre lamaçais alteia pontes
Com tuas mãos preciosas de menina.

Nessa estrada de vida que fascina
Caminha sempre em frente, além dos montes!
Morde os frutos a rir! Bebe nas fontes!
Beija aqueles que a sorte te destina!

Trata por tu a mais longínqua estrela,
Escava com as mãos a própria cova
E depois, a sorrir, deita-te nela!

Que as mãos da terra façam, com amor,
Da graça do teu corpo, esguia e nova,
Surgir à luz a haste de uma flor!...

Florbela Espanca

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

mais um dia

Querias que fosse pintor. Não fui.
Querias que pintasse a minha vida como se fosse um espelho. Não pintei.
Querias que do orgulho tirasse ensinamentos de vida. Não tirei.
Querias que fosse pintor, e o máximo que consegui foi derramar tinta sobre uma paleta de cores.
Desilusão é o que sentes?
Alguma vez te ocorreu pensar no que penso eu. Eu, aquela sombra que parece que vês pelos corredores.
Não, nunca pensaste porque sempre te sorrio. Sempre brinco. Sempre estou lá, quando tudo em volta cai.
Porque não fui pintor e talvez nunca te orgulhes. Porque o ano talvez possa ser dificil e talvez te aborreça não ter pintado a tela tal como a imaginas... um dia a surpresa cai-te nos braços. Talvez um dia olhes em frente e repares que não sou uma sombra, que não pintei o mesmo quadro, mas consegui um vida cheia de pequenos momentos que me fazem todos os dias seguir em frente de cabeça erguida.
As lágrimas, essas são minhas e nunca as verás.
Porque não fui pintor, mas sou um mundo.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Só para mulheres fenomenais *

Tem sempre presente que a pele se enruga, o cabelo embranquece, os dias convertem-se em anos... Mas o que é mais importante não muda. A força e a convicção não têm idade.
O teu espírito é como qualquer teia de aranha.
Atrás de cada linha de chegada, há uma de partida.
Atrás de cada conquista, vem um novo desafio.
Enquanto estiveres viva, sente-te viva.
Se sentes saudades do que fazias, volta a fazê-lo.
Não vivas de fotografias amarelecidas...
Continua, quando todos esperam que desistas.
Não deixes que enferruge o ferro que existe em ti.
Faz com que em vez de pena, te tenham respeito.
Quando não conseguires correr atrás dos anos, trota.
Quando não conseguires trotar, caminha.
Quando não consiguires caminhar, usa uma bengala.
Mas nunca te detenhas.

Madre Teresa de Calcutá

*uma das metas: ser uma dessas mulheres fenomenais

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Início de século em Lisboa

Rua Augusta 1956


Transportes públicos 1900


Avenida da Liberdade 1912


Algés 1905

documentários online

O projecto Best Online Documentaries tem por objectivo reunir documentários realizados em várias áreas, como história, ciência, biografias, entre outras.

Indexado por temas o portal http://www.bodocus.com/ disponibiliza actualmente cerca de 659 documentários.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

para ti....obrigado

GMT,

Não podia passar sem escrever o meu OBRIGADO.

Sei que não estamos onde queriamos estar, onde sonhamos, onde ainda sonhamos.

Mas continuamos sempre perto, e parece esta ser a nossa única garantia (podia ser melhor, mas é que se tem, hehe)

Por ontem, e por esta fase menos bonita: obrigado.




E agora chega de pieguices: life goes on ;)

bj

Não fugir. Suster o peso da hora

Não fugir. Suster o peso da hora
Sem palavras minhas e sem os sonhos,
Fáceis, e sem as outras falsidades.
Numa espécie de morte mais terrível
Ser de mim despojado, ser
abandonado aos pés como um vestido.
Sem pressa atravessar a asfixia.
Não vergar. Suster o peso da hora
Até soltar sua canção intacta.

Cristovam Pavia

domingo, 20 de janeiro de 2008

...


É nos momentos de impasse que temos a oportunidade de nos reinventarmos.
Chegou o momento de me reinventar. O problema surge quando para isso, temos de deixar para trás parte da nossa vida: a melhor parte.

Será que vale tanto apanhar o barco que ruma para o escuro?!?!


sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

fotografias do mundo/ da vida

O olhar. É isso que faz um jornalista.
Depois pode dar voz a esse olhar, dar letras, imagem com som... ou
pode deixá-lo no seu estado mais bruto, sendo por isso o mais perfeito olhar sobre o mundo.

Aqui fica um vídeo com fotografias da agência
reuters (2007).

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

hoje

Tenho sorrido muito.... curiosamente numa fase em que também tenho chorado (bastante).

Mas cada sorriso que dou é um acreditar... é bom andar por aqui, sem fazer a menor ideia do que sou, do que quero ser.... para onde vou, como vou....

sei lá.... não quero saber....

há três meses nunca pensei ter a vida que tenho hoje.... compensa mais um bom sorriso (ainda que triste) do que um poço de lágrimas....

nem sei o que escrevo, largo por aqui palavras sem sentido, mas que me fazem ir mais além e esquecer a saudade (de ti), as alma quentes que já me aqueceram o corpo, saudades de um dia quente de Verão, de uma noite chuvosa na minha cama..... enfim saudades do que foi e do que será....

hoje fico-me por aqui.... não sei se percebo o que escrevi, mas é bom partilhar convosco esta montanha russa que é a minha cabeça... faz-me falta (tudo)
...
digamos que volto a encarar o mundo de alma lavada.

obrigado.

Psttt, tu aí, sei que passas por aqui umas quantas vezes: Quero-te Sempre por Perto (GMT) ;)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

do inesperado...

Tira-me o pão, se quiseres,
tira-me o ar,
mas não me tires
o teu riso.

Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas a água que de súbito brota
da tua alegria,
a repentina onda de prata
que em ti nasce.

A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procura-me
e abre-me todas as portas da vida.

Meu amor, nos momentos
mais escuros solta o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.

Á beira do mar, no Outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,

e na Primavera, amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.

Ri-te da Noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a Primavera,
mas nunca o teu riso
porque então morreria.

Pablo Neruda

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

começo... ou fim?!?!?

Pela primeira vez não comi passas, nem desejei nada.
2008 já começou diferente.

Hoje as palavras faltam-me.... deixo outras...

Bom Ano :)

Apavorado acordo, em treva. O luar
É como o espectro do meu sonho em mim
E sem destino, e louco, sou o mar
Patético, sonâmbulo e sem fim.

Desço na noite, envolto em sono; e os braços
Como ímãs, atraio o firmamento
Enquanto os bruxos, velhos e devassos
Assoviam de mim na voz do vento.

Sou o mar! sou o mar! meu corpo informe
Sem dimensão e sem razão me leva
Para o silêncio onde o Silêncio dorme

Enorme. E como o mar dentro da treva
Num constante arremesso largo e aflito
Eu me espedaço em vão contra o infinito.

Vinicius de Moraes