sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Hoje sinto saudades de tudo e de nada. Atacada pela nostalgia, recorro ao baú de poemas que, de uma maneira ou de outra, dizem o que sinto. Leio Florbela Espanca e o poema «Ambiciosa».

É este o que hoje me toca….

Para aqueles fantasmas que passaram,
Vagabundos a quem jurei amar,
Nunca os meus braços lânguidos traçaram
O voo dum gesto para os alcançar...

Se as minhas mãos em garra se cravaram
Sobre um amor em sangue a palpitar...
- Quantas panteras bárbaras mataram
Só pelo raro gosto de matar!

Minha alma é como a pedra funerária
Erguida na montanha solitária
Interrogando a vibração dos céus!

O amor dum homem? - Terra tão pisada!
Gota de chuva ao vento baloiçada...
Um homem? - Quando eu sonho o amor dum deus!...

acordo com um ponto de luz aceso na alma....

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Será que podemos pular esta parte do ano!?!?

A solidariedade desenfreada, as compras loucas, os pais natais a sair de chaminés, as árvores de todas as formas, e cores….

Em Novembro já recebi mensagens de Boas Festas de pessoas que durante o ano não têm tempo para mandar um olá….

E depois é a repetida pergunta: «E a passagem de ano?!!?»

É esta urgência em comemorar, em ser amigo do próximo durante um mês que me irrita.

E pronto é isto. Não dormi, estou cansada e não gosto no Natal da multidão. A época começa dia 23, quando o frio do Alentejo chegar ao mais pequeno osso.

Quando a sala ficar iluminada pela chama do lume....Quando tiver conversas infindáveis com o pai... Quando todos forem dormir e eu ficar a comer chocolates e devorar filmes...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

apetece-me citar que....


"A timidez é uma condição alheia ao coração, uma categoria, uma dimensão que desemboca na solidão".

Pablo Neruda

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

De que me rio eu?... Eu rio horas e horas
só para me esquecer, para me não sentir.
Eu rio a olhar o mar, as noites e as auroras;
passo a vida febril inquietantemente a rir.

Eu rio porque tenho medo, um terror vago
de me sentir a sós e de me interrogar;
rio pra não ouvir a voz do mar pressago
nem a das coisas mudas a chorar.

Rio pra não ouvir a voz que grita dentro de mim
o mistério de tudo o que me cerca
e a dor de não saber porque vivo assim.

António Patrício

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas que já têm a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia…... e se não ousarmos fazê-lo teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos"

Fernando Pessoa

terça-feira, 11 de agosto de 2009

“Reparei no fio tricolor e no amuleto que trazes ao pescoço: uma espiral, símbolo da lua. Quem to colocou sabe que esta, ao contrário do sol, que permanece sempre igual a si próprio, é um astro que cresce, decresce e desaparece, um astro cuja vida está submetida à lei universal do eterno retorno, do nascimento e da morte. Tal e qual os homens, a sua decrepitude termina na morte. A lua morre durante três dias, mas, a seguir, renasce como lua nova. Assim, o seu desaparecimento nunca é definitivo. Por isso, minha filha, quando olhares para esse amuleto, lembra-te que também a vida é um eterno recomeço. É o que está a acontecer-te agora. Vais começar de novo.”

A Escrava de Córdova,
Alberto S. Santos

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

“Via-se novamente errante na terra, desconfiando dos seus próprios sentimentos. (…) e voltou a invadi-la aquela impressão de mulher de lugar nenhum e de todos os lugares, de mulher que achava que o seu espaço era aquele onde não estava no momento em queria estar.”

A Escrava de Córdova,
Alberto S. Santos

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Long road

Passei o quilómetro 25.


O último troço de estrada fez-se com percalços, mas foi uma aprendizagem incrível.

Tenho a sensação que cresci mais no último ano do que nos outros 24.

Passo confiante para os 26.

terça-feira, 21 de julho de 2009

Conto os dias para o descanso. Espero recuperar a energia, a atenção e o tempo. Dos últimos dois meses guardo a sensação de que o mundo passou-me ao lado. Uma mão, melhor, dois dedos chegam para contar os momentos de lazer e descontracção absoluta.

Além de não gostar de me sentir cansada, irrita-me que esse mesmo cansaço me deixe melancólica e com saudades de tudo e de nada.

E vou parar por aqui, porque não me apetece escrever mais. Fica uma fotografia. Primeiro porque uma das missões das férias é dedicar-me à fotografia…Segundo porque esta fotografia parece-me um exemplo simples de como me sinto precisamente neste momento.

sábado, 27 de junho de 2009

Porque há mulheres que podem ser extraordinárias.

A próxima sessão será Coco Avant Chanel

Efeitos colaterais

Espirros. Comichões. Mau humor (muito). Falta de paciência. Olhos inchados.
Uma imagem deprimente que tem pautado os últimos dias. Começa a desvanecer (lentamente) depois de uma passagem pela farmácia e uma bela quantidade de drogas.
A culpa, essa, é das bonitas flores, dos queridos cães e dos gatos traiçoeiros. Tudo junto dá pelo nome de alergia.
Resta-me agradecer a quem me aturou e tirou de casa e do trabalho.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

dia-a-dia

- Começo a ficar chateada por não ter tempo para actualizar o blogue.
- Ora, também não é motivo para te chateares. (dizes tu)
- Como não?!?!? Se estou a deixar coisas que gosto de fazer por falta de tempo!??!?!
E então reparei que lá estava eu sentada no sofá de pc no colo a teclar incessantemente.... ainda não fui à praia, não tenho ido ao cinema, não fui à feira do livro, nem beber o tal café.....
E com esta conversa/ pensamentos de final de dia, reparo que são 23horas e continuo a trabalhar.
Não tarda estarei eu metida numa qualquer sala obscura, sentada numa cadeira incómoda. Neste ambiente pouco acolhedor, vou levantar a mão e dizer: "Olá, sou a Sara e estou viciada em trabalho!"
E pronto com este momento absurdo regresso ao trabalho, pois está claro. O pior disto tudo é que gosto, adoro mesmo. Serei louca!?!?!?

Enquanto não for aparecendo por aqui, podem sempre encontrar-me por aqui:

Na região centro, entre ribeiras e denso verde, revela-se o Casal de São Simão, uma Aldeia de Xisto, do concelho de Figueiró dos Vinhos, recuperada por um grupo de moradores. A Associação de Moradores do Casal de São Simão reúne cerca de 36 associados que têm dado vida a esta aldeia, às suas casas e modos de vida. O local mantém uma fisionomia próximo ao original. Os que o habitam gostam de o sentir como Refúgios de Pedra. LER

Após um período menos próspero, a Comissão Vitivinícola Regional (CVR) do Dão empreendeu uma campanha de dinamização e promoção dos vinhos, no âmbito do I Centenário da Região Demarcada dos Vinhos do Dão. LER

e muito mais...

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Porque não?

Porque não... tanta coisa.
Porque não dormir quando tenho sono?
Porque não largar tudo e fazer apenas o que me apetece?
Porque não atirar-me de cabeça e não pensar em consequências?!?!?!?

Fica um anuncio, dos poucos que merecem ser vistos e revistos.....

domingo, 3 de maio de 2009

...

Rita Red Shoes ao vivo e a cores. O ambiente estava uma miséria, mas a música e a companhia superam ambientes menos propícios à miúda dos sapatos vermelhos.
Confesso que a estava curiosa e que a senhora me surpreendeu. Trouxe músicas novas e um ambiente diferente, entre country e jazz. Simplesmente fantástico!
Mas no final de um bom momento de descontracção, que, cá entre nós, estava mesmo a precisar, ficou uma frase. Desconheço (ou talvez não, não sei) as razões, mas o regresso a casa cantei: “Don't look at me, just look inside”.
Hoje não me apetece voltar a Lisboa, ficava por aqui. Vi o nascer do sol na mais bela das planícies e via o pôr-do-sol também…mas (ainda) não posso.
Despeço-me com um mimo para a única pessoa que me vê, a mim, e não ao que aparento ser. Não só por isto, mas também porque andas a precisar de mimos e sabes que esta é a melhor forma que tenho para te dar. É estranho, mas por motivos vários, que conheces, não demonstro, com facilidade, o que me vai na alma, sobretudo quando se trata das quatro letrinhas, que podem mover montanhas (dizem).

domingo, 19 de abril de 2009

Com as lágrimas do tempo e a cal do meu dia eu fiz o cimento da minha poesia.

Vinicius de Moraes

quarta-feira, 25 de março de 2009

"Tomo o carro. Parto para férias. Não irei à aldeia senão um ou dois dias - apetece-me andar. Não tenho projectos, não procuro nada, excepto estar só, eu só, soldado à máquina, nesta pura fuga de vertigem, nesta fuga de nada, nesta quente sedução de esquecer. Estradas abertas, campos abertos, a alegria à minha volta, evidente, natural como a luz do céu. O carro gira vertiginosamente, o motor zumbe como uma obsessão, espectros de casas, gentes à beira da estrada, outros carros que se cruzam com o meu mundo reinventado a alucinação. Dos restos do que passou, dos pedaços em que me quebrei, de tudo o que bateu à minha porta, à pessoa que me habita, a memória sobe, purifica-se, aquieta-se à minha volta, penetra-me o sangue, estabelece-se em harmonia, como se fosse de manhã, como se fosse já de agora que a revivo à luza da noite".

in Aparição, Vergílio Ferreira

sexta-feira, 20 de março de 2009

Chega FINALMENTE ao fim esta semana catastrófica.
Entre ciclos de debates mudados de local no último minuto e claro sem avisarem com antecedência.... vale que chego sempre com tempo para esperar. Lá estava eu a tempo de tudo e eis que ninguém sabia onde decorria o tal debate. Os ponteiros avançavam e eu desesperava. Descobri... é precisamente do lado oposto da cidade. Que bom!
A semana começava bem....
Decidi um dia destes apanhar um autocarro da carris (coisa que desconfio raríssimas vezes fiz)... depois de calculado o tempo para chegar ao meu destino, decidi sair umas duas horas antes.... aproveitava e passeava um pouco.... ah e tal.... obras, transito, condutor que mais travava a fundo do que andava... uma hora depois da suposta hora de chegada ao meu destino... estava lá.
Mais um dia fantástico....
Perto do final da semana arranjo finalmente tempo para ao final da tarde ir ao ginásio dar socos no saco e libertar a adrenalina.... Não fui.... Porque?!?!?
O metro para no túnel por tempo indeterminado... cerca de uma hora!!!!!!!!!!!!!
VOU FINALMENTE DE FIM-DE-SEMANA
ah... transportes públicos estão fora dos meus hábitos de locomoção. Paro no transito, mas pelo menos estou dentro do habitat do meu carrinho.....
I'm standing for the fight


quarta-feira, 11 de março de 2009

No meio das minhas 12 horas de trabalho diário. Hoje resolvi tirar o final do dia para estar comigo mesma. Reparei que ainda existo.... que o espelho ainda me reconhece, com um aspecto mais cadavérico é certo, mas EU.

Nos planos fazia parte escrever mais qualquer coisa neste recanto da minha vida e avisar, que apesar da ausência do msn, do telemóvel e de qualquer meio de contacto, continuo viva....

Fica a música do final de dia... com o pé na areia e o olhar cheio pelo pôr-do-sol


quinta-feira, 5 de março de 2009

Podia aqui dizer mil coisas pelas quais passei a noite a ouvir a musica..... mas é verdade que após uma noite de insónia, resta-me um fio frágil de concentração, que vou aproveitar para trabalhar...

segunda-feira, 2 de março de 2009

Mudam-se os tempos...

E mudam as minhas vontades. Depois de uns dias no eterno descanso da minha casa, Alentejo, (sim, posso viver uma vida noutro qualquer sitio, mas apenas aquele recanto do mapa é a minha casa), eis que estou de volta a Lisboa e sem a menor vontade.
Dou por mim a fazer planos para voltar. A pensar em mil um formas de arrumar as tralhas e viver em casa. Pronto até nem ser para sempre, uns meses que seja... mas está longe um fim-de-semana quanto mais meses.
Resta-me aguardar pela mudança «dos tempos» para melhorar este estado de ansiedade ou simplesmente largar tudo e ir embora.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

confidências

«Com a idade as pessoas têm mais necessidade de se sentirem amadas». Disseram-me isto há dias. Não liguei! Mas a verdade é que a frase ficou a saltitar no meu pensamento. Não sei se sinto essa necessidade, mas apercebi-me de que, com a idade, me tornei menos forte, ou pelo menos não me julgo tão forte.

Há dias, durante um simples exame médico, cai para o lado. Nunca me tinha sentido tão vulnerável. Ocorreu-me: e se não estivesses ali?!?!?.... que triste seria ser acompanhada por um estranho... Sinto mais falta das coisas, dos cheiros, do tacto, das pessoas...

Tenho agora consciência que preciso de me sentir amada, querida pelos outros. Ainda assim, esta minha capacidade em não acreditar nos outros insiste em permanecer. Esforço-me por acreditar no que me dizem, naquilo que os olhos vêem.... mas não consigo. Será que há remédio?!?!!?! ....

Penso que estou a precisar de ir a um sitio.... dos poucos onde tudo parece possivel... a casa. Alentejo.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Enquanto não superarmos
a ânsia do amor sem limites,
não podemos crescer
emocionalmente.

Enquanto não atravessarmos
a dor de nossa própria solidão,
continuaremos
a nos buscar em outras metades.
Para viver a dois, antes, é
necessário ser um.

Fernando Pessoa

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Dia do Valentim

Em véspera desse dia, tão falado nos últimos tempos, é impossível não o referir.
Pois bem, do auge da minha eterna paixão por mim mesma e pela vida, eis que passo o dia no maior clima de romance que pode existir: um casamento.


Vá... sei que pareço egoísta ao dizer que estou apixonada por mim mesma, que hei-de fazer?!?! Além de ser verdade, outros amores não são para publicar aqui (pelo menos hoje).

De qualquer forma irrita-me profundamente esta coisa de ter um dia para comemorar o amor... e os outros 364 dias?!?!?

Já agora para quando um dia dos eternos solteiros....

Pronto agora vou comemorar a sexta-feira (13, supostamente de azar, mas que revelou muita sorte, diga-se).
Bom fim-de-semana...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Hoje

Três anos depois da semana alucinante que terminou na queima das fitas e no despedir da Faculdade, o correio trouxe o diploma. Pedaço de papel sem utilidade prática identificada, mas que, definitivamente, colocou um ponto final numa etapa intermitente da vida.
Hoje foi também o dia de voltar ao ginásio, de voltar a ver o SOL nascer, de sorrir...
Foi o dia de tão simplesmente me sentir bem...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

há dias assim...

Tantas podiam ser as musicas de hoje... pensei mesmo em repetir-me.
Mas acabei por colocar The Blower's Daughter.

O filme é igualmente bom e certamente a companhia de Domingo.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

IN

Uma tarde na cozinha a simular arte de cozinheira;
Um final de semana entre a chuva, cinema, pastéis de belém e mimos;
Dois dias entregue ao prazer de fazer apenas e só o que me apetece (o que não acontecia há..... muito tempo). Devorei livros, divaguei ao som da chuva e sonhei com montanhas de filmes. Tudo isto foi suficiente para recuperar da preguiça que se apoderou de mim nos últimos dias.

Os últimos dias também foram marcados por uma música. Deixo aqui um pouco da letra, pelos motivos de sempre, senti nelas (as palavras) um pouco de mim.

I climbed across the mountain tops
Swam all across the ocean blue
I crossed all the lines and
I broke all the rules

A música essa fica aqui, num dos anuncios que não me canso de ver. Tem vida.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

OUT

Quando ando há muito tempo para ir ao cinema e não consigo,
Quando quero estar com os amigos e não consigo,
Quando quero sorrir e me esqueço,
Quando começo a colocar em causa o trabalho,
Quando reclamo mais do que é normal...
apercebo-me que as coisas não vão no caminho certo.
Vou cozinhar, a melhor terapia que alguma vez pratiquei... o pior é mesmo comer... mas há-de voltar a vontade!

Entre tachos e panelas sou capaz de descobrir para onde seguir...

Desafio aceite...

Como é que eu sou segundo os...Pearl Jam

1. Homem ou Mulher? Alive
2. Descreve-te: Angel
3. O que pensam de mim? Hard to Imagine
4. Como descreves o teu último relacionamento? Can´t Keep
5. Descreve o estado actual da tua relação: Other Side
6. Onde querias estar agora? In my tree
7. O que pensas do amor? Big Wave
8. Como é a tua vida? Back of my mind
9. O que pedirias se pudesses ter só um desejo? Last Kiss

Proposta de Sentido de Estado

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

..e soubesse eu artifícios
de falar sem o dizer
não ia ser tão difícil
revelar-te o meu querer...
a timidez ata-me a pedras
e afunda-me no rio
quanto mais o amor medra
mais se afoga o desvario...
e retrai-se o atrevimento
a pequenas bolhas de ar..


Deolinda

Preciso com urgência de dias seguidos de SOL, de flores a brilhar, de pessoas simpáticas, de praia, de calor ... as minhas baterias estão a ficar gastas.


Vive, dizes, no presente,

Vive, dizes, no presente,
Vive só no presente.

Mas eu não quero o presente, quero a realidade;
Quero as cousas que existem, não o tempo que as mede.

O que é o presente?
É uma cousa relativa ao passado e ao futuro.
É uma cousa que existe em virtude de outras cousas existirem.
Eu quero só a realidade, as cousas sem presente.

Não quero incluir o tempo no meu esquema.
Não quero pensar nas cousas como presentes; quero pensar nelas como cousas.
Não quero separá-las de si-próprias, tratando-as por presentes.

Eu nem por reais as devia tratar.
Eu não as devia tratar por nada.
Eu devia vê-las, apenas vê-las;
Vê-las até não poder pensar nelas,
Vê-las sem tempo, nem espaço,
Ver podendo dispensar tudo menos o que se vê.
É esta a ciência de ver, que não é nenhuma.

Alberto Caeiro

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

as palavras custam a sair

Porque ontem adormeci com esta música.
Porque ando cansada e o meu cérebro está com sérias dificuldades em fazer um raciocínio lógico (se disso sou capaz alguma vez hehe)...
Porque digo muitas vezes o contrário do que estou a sentir...

Enfim porque me apeteceu. Hoje «porque me apetece» parece-me razão suficiente.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Sexta-feira

E quando a campainha toca.
Perguntam pelo nosso nome e dizem: «Tenho uma entrega para si».
«Para mim, mas não encomendei nada ?!??»
Com curiosidade abro a porta e aguardo que me encontrem na porta de casa...
Eis que o meu dia ficou mais sorridente e florido....
Obrigado...

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

...

Foi um momento
Em que pousaste
Sobre o meu braço
Num movimento
Mais de cansaço
Que pensamento,
A tua mão
E a retiraste.
Senti ou não?

Fernando Pessoa

A prosa não é minha, mas reflecte um pouco de mim. Nem sei porque me encantaram estas palavras. Sei tão só que neste momento (raro nos últimos dias) de estar na companhia de mim mesma, foi esta a dúvida que me assaltou «senti ou não?».

ps: Vês?!?! Já coloquei qualquer coisa por aqui.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

vicios

Quando o cansaço se apodera de mim o resultado final é:


Chuva

As coisas vulgares que há na vida
Não deixam saudades
Só as lembranças que doem
Ou fazem sorrir

Há gente que fica na história
da história da gente
e outras de quem nem o nome
lembramos ouvir

São emoções que dão vida
à saudade que trago
Aquelas que tive contigo
e acabei por perder

Há dias que marcam a alma
e a vida da gente
e aquele em que tu me deixaste
não posso esquecer

A chuva molhava-me o rosto
Gelado e cansado
As ruas que a cidade tinha
Já eu percorrera

Ai... meu choro de moça perdida
gritava à cidade
que o fogo do amor sob chuva
há instantes morrera

A chuva ouviu e calou
meu segredo à cidade
E eis que ela bate no vidro
Trazendo a saudade

Mariza

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Carnaval... já?!?!

Anda tudo tão apressado, que já ouvi a questão: «então o carnaval, passas onde? E a mascara?»

Fiquei perdida... será que o Carnaval é em Janeiro e não sei de nada ....
A verdade é que fiquei a pensar no assunto e apeteceu-me aproveitar essa época à minha maneira. Por isso, aqui fica a minha resposta:
Mascara... boneco de neve. Apetece-me descongelar finalmente.
Onde passo!?!? Ora essa onde me apetecer e assim de repente apetece-me....



...subir à serra. Enrolar-me em mantinhas quentinhas até ao nariz. Um baralho de cartas. Meia dúzia de amigos e umas garrafitas de vinho. Eis a minha receita carnavalesca.

sábado, 3 de janeiro de 2009

"Vem por aqui!" —dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!" ?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui!"
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!


José Régio

E assim começo o ano Feliz nesta minha loucura.